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Soluções para modernizar a educação no Brasil em pauta


Mais de um milhão de tablets já foi distribuído nas redes públicas de ensino. Apesar do incentivo do governo para o uso de dispositivos móveis nas escolas, a infraestrutura de rede muitas vezes não comporta as plataformas de distribuição de conteúdos educacionais. A relação entre as soluções tecnológicas e as políticas públicas para modernizar a educação no Brasil foi o tema debatido na sessão de TICs na educação, no segundo dia do II Fórum RNP.

O coordenador do Programa Banda Larga nas Escolas no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Wellington Maciel, abriu a sessão com a estratégia do governo federal para disseminação das TICs nas mais de 150 mil escolas públicas em todo o país. Esta é a principal missão da entidade, que se dedica à instrumentalização de professores e gestores de educação. “Queremos que o professor seja o vetor da cultura digital nas escolas”, afirmou. “A função do FNDE é entender as políticas do Ministério da Educação e fazer com que elas sejam viáveis economicamente”.

Ainda sobre políticas públicas, a diretora de Formulação de Conteúdos Educacionais da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC), Monica Gardelli Franco, falou sobre o Plano Nacional de Conteúdos Educativos Digitais, que prevê diversos canais de distribuição, entre eles a TV Escola e portais para o professor e para o estudante integrados a tablet e celular. “A TV Escola não é apenas televisão, é uma estrutura multiplataforma que permite a interatividade dos alunos”, complementou Monica.

A distribuição de conteúdo nas escolas foi o tema da palestra do criador do Ustore e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rodrigo Assad. Para ele, a informatização das escolas e a distribuição de um tablet para cada aluno geram um enorme gargalo de infraestrutura – principalmente na conexão à internet para acesso aos conteúdos educacionais. “Quando os professores indicam um determinado conteúdo a ser acessado, e a conexão da escola não suporta, gera uma frustração”.

Com isso, a empresa criou uma plataforma chamada Upstore Edu, um mídia center de nuvem privada de armazenamento e distribuição de dados entre secretarias, escolas, professores e alunos. Trata-se de uma rede colaborativa em que as secretarias podem produzir conteúdo em um único servidor, com 30 mil objetos educacionais pré-instalados para consulta imediata, fora o acesso a mais de 100 mil objetos na internet, que permite o compartilhamento de arquivos entre alunos, professores e secretarias de educação.

A professora Rosa Maria Vicari, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apresentou o caso da Federação Educa Brasil (FEB), que surgiu a partir de um Grupo de Trabalho apoiado pela RNP desde 2008. “A ideia da FEB é que, a partir de um único ponto de acesso, o usuário possa ver resultados de todos os repositórios federados”, explicou Rosa.  “A FEB, diferentemente de outras federações, não armazena o conteúdo, apenas o endereço e os metadados de cada repositório. O usuário pode ver um resumo antes de optar por baixar um objeto de aprendizagem”. Hoje em dia, a federação já integra 19 repositórios no Brasil e na América Latina.   

Também professor da UFRGS, Valter Roesler falou sobre o Mconf, sistema em software livre para multiconferência web, que atualmente é um serviço experimental coordenado pela RNP. A plataforma permite o compartilhamento de documentos, criação de comunidades, reuniões remotas entre alunos, defesa virtual de teses e dissertações, streaming de palestras e cursos com gravação. “Algumas possibilidades de futuro para o Mconf são transmissão de cirurgias e de imagens radiológicas e integração com dispositivos móveis e realidade aumentada, como o Google Glass”, adiantou Valter.

O serviço Videoaula@RNP, que também nasceu de um Grupo de Trabalho em 2008, foi o tema da apresentação do pesquisador do Laboratório de Modelagem/Análise e Desenvolvimento de Sistemas em Computação e Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LAND/UFRJ) Bernardo Netto. “A videoaula é um ambiente que integra outras mídias ao vídeo, como roteiro, animação e slides que permitem a interação do usuário”, explica. Elas podem ser usadas tanto para educação a distância como para aulas presenciais, método já adotado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Atualmente, o serviço conta com 30 instituições parceiras e mais de 750 videoaulas disponíveis para o acesso. “Um dos principais resultados é a disponibilização de videoaulas em HTML5 e a integração com dispositivos móveis”, afirmou o palestrante.